Periodo Colonial

Grupo escolar no início do séc 20, hoje E.M. Modestino Gonçalves
A história do município originou-se com aventureiros que em busca de riquezas, descobriram Santa Luzia. Tudo começou, em 1692, durante o ciclo do ouro. Uma expedição dos remanescentes da bandeira de Borba Gato implantou o primeiro núcleo da Vila, as margens do Rio das Velhas, no qual se fazia garimpo de ouro de aluvião. Em 1695 uma grande enchente do rio destuiu todo o povoado, localizado próximo ao atual bairro de Bicas, então o pequeno vilarejo mudou-se para o alto da colina, onde hoje, é o Centro Histórico da cidade. Em 1697, ergueu-se o definitivo povoado, que recebeu o nome de Bom Retiro. Em 1724 foi criado a Freguesia de Santa Luzia, subordinado a Sabará.





Havendo já alguns arraiais nas proximidades e ao longo do Rio das Velhas, existia entretanto, um grande hiato entre Roça Grande e a região de Sete Lagoas, tornando-se difícil o abastecimento das populações nômades e o descanso das tropas que de mandavam o norte do estado. Nessa época, começaram a surgir varias fazendas, em vastos latifúndios, criadas para o descanso do gado e para suprir o abastecimento regional.

Com o movimento crescente que se operava na região de Sete Lagoas, foram abertas várias estradas, que, atingindo Jequitibá, atravessavam diversas localidades, entre elas, o arraial de Santa Luzia. Estas estradas desempenharam importante papel no povoamento da região, não só pelo intenso comércio que propiciavam como também, pelo estabelecimento de ranchos e capelas e pelos numerosos contingentes humanos, que por elas afluíam as Minas, vindos do Norte e dos portos da Bahia.

O povoado definitivo de Santa Luzia teria surgido entre 1721 e 1729, no alto das colinas, em cujos vales corriam o córrego das Calçadas, o córrego Seco ou do Dantas e o córrego dos Cordeiros, socavados na época, por mineradores em busca de ouro.
Rua Direita

Nesse local, no topo da colina, edificou-se um rancho que acolhia numerosas tropas vindas de Sabará e outras localidades, pelas estradas que se cruzavam em forma de um "T" e que deram origem à rua do Serro, rua Direita e rua Santa Luzia. Porém, ao contrario da maioria das povoações mineiras da época, Santa Luzia cresceu e floresceu muito mais em função do comércio que da mineração. Os trabalhos mineratórios desenvolveram-se nos córregos das Calçadas, Seco e Cordeiros, mas o povoado não cresceu ali, e sim no alto de uma colina próxima, junto a um rancho que acolhia tropas que faziam o comércio entre o sertão e o Rio de Janeiro. É importante ressaltar o fator religioso na formação do povoado, pois este só surgiu quando faiscadores e tropeiros construíram uma capela, dedicada a Santa Luzia, em frente ao rancho, que foi mais tarde, inteiramente aproveitada para a capela-mor da matriz.

A construção da capela, em lugar de movimento de tropas, serviu para desenvolver a atividade comercial no local, atraindo para lá pessoas que se encontravam dispersas pelas regiões vizinhas. O lugarejo foi crescendo perto da capela, a beira das estradas, convivendo, lado a lado, residências e casas comerciais. Formava um "T" com a interseção de duas estradas: a que vinha de Sabará atingia o rancho em frente da Capela, pelo Córrego das Calçadas, dando origem à rua Direita; no fundo, onde estava o cemitério, esta estrada se bifurcava a caminho de Macaúbas, Serro, Distrito Diamantino, etc, formando a rua do Serro.

Em 1734 já havia bastante gente no arraial, que se espraiava pelo espigão e pelas ladeiras que subiam do córrego das Calçadas. A atividade mineradora se extinguiu, dando lugar a intensificação do comércio, que em 1740 já contava com 30 estabelecimentos. Nessa época, Santa Luzia desempenhava importante papel de centro comercial, fazendo transação de peles e salitre, com o norte do estado e com o Rio de Janeiro.

Devido à sua localização estratégica, o povoado muito floresceu em função do comércio das áreas mineradoras, exercendo o papel de entreposto comercial do sertão. Em documento de 1752, o bispo de Mariana, D. Frei Manoel da Cruz, propõe a transferência da sede da paroquia do arraial de Roça Grande para o de Santa Luzia, justificando:

"(...) o arraial de Santa Luzia é um dos mais populosos das Minas e a sua Igreja é nova, com bastante grandeza e bem paramentada, estando quase no meio da freguesia, circunstâncias todas que concorrem para V. Majestade ser servido mandar fazer a sobredita mudança (…)"

A qual só se efetivou em 1779, após uma série de reveses com a paroquia de Roça Grande.

A medida que o arraial progredia, formava-se, ali, uma elite social abastada, com hábitos sofisticados da vida e cultura com marcante influência francesa. Santa Luzia, seguiu a tradição de importantes vilas mineiras, como Sabará e Diamantina, que cedo desenvolveram o gosto da literatura e do teatro. Já na segunda metade do séc. XVIII tem-se notícia da inclusão de peças teatrais no programa de suas festas cívico religiosas, além da realização de óperas em diversas vilas, como, por exemplo, em Sabará, em 1799.
Evento cívico em frente a o grupo escolar no início do século XX.

O espírito religioso dos luzienses não traduziam-se apenas na construção de belos templos, mas também em algumas festas tradicionais. As mais famosas eram a da padroeira do lugar, a do Rosário, promovida pelos negros, e a do Divino, pelos brancos, como parte dos festejos do "Ciclo da Ressurreição". Todas estas festas representavam um folclore de caráter tipicamente profano religioso, mesclando heranças africanas e portuguesas, como danças, procissões, fogos, rezas, músicas e missas. A semelhança dos demais núcleos urbanos das Minas Gerais daquela época, as festas eram realizadas com grande pompa, atraindo para o local romeiros de toda a redondeza.

A partir da segunda metade do séc. XVIII a mineração do ouro começou a declinar e a economia local voltou-se para a produção agropecuária, acarretando certa retração das atividades urbanas. Entretanto, Santa Luzia, conseguiu manter relativo progresso devido, principalmente, à sua situação privilegiada de empório comercial, como constatou José Vieira Couto em 1801:

"(...) Santa Luzia, lugar populoso e brilhante, e que deve seu melhoramento actual (cousa rara!) aos arraiaes de Minas, as suas lavras, e a ser, além disso, por causa da sua situação natural como um pequeno empório, onde vem surtir-se de alguns gêneros pertencentes ao commercio muitos negociantes de Piracatu e Serro. (…)"

Também Saint-Hilaire, viajante francês que ali passou em 1817, ressaltou a importância da Paroquia de Santa Luzia em seu papel de entreposto comercial do sertão, sendo ponto de parada para as tropas que transitavam entre o sertão e o Rio de Janeiro. Nada citou sobre a mineração do ouro, provavelmente devido à insignificância econômica a que esta atividade estava reduzida naquela época.

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